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Festa badalada na 1000 Milhas

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Com evento cada vez mais encorpado em Interlagos, edição de 2024 revela quinta equipe vencedora em cinco edições da nova fase da corrida

Quando nota-se a ocorrência do grid de Interlagos abarrotado por 60 carros, devidamente distribuídos em uma série de subcategorias, a tentação de se adotar a régua numérica para dimensionar as 1000 Milhas Chevrolet Absoluta aumenta. Mas há que se medir muito mais que o grid, cinco vezes maior que o da corrida que resgatou em 2020 a tradição brasileira na realização de corridas de automóveis com esse percurso, inexistentes havia mais de uma década.

1000 MILHAS 01 ABRE
A edição de janeiro foi a quinta do atual formato das 1000 Milhas, trazido a efeito na temporada de 2020

Todas as fases do trabalho de preparação para a semana intensa transcorreram sob a batuta da Interlagos Sports & Marketing, empresa de eventos liderada por Thiago Pereira. A equipe não se ateve a organizar uma corrida de carros, mostrada ao vivo para o mundo todo em 13 horas a fio de transmissão. Mais que isso, permeou o Autódromo José Carlos Pace com um sem-número de atrações para marcar os 470 anos que a cidade de São Paulo completou dois dias antes da largada.
No feriado que abriu a programação pela data festiva, milhares de ciclistas ocuparam a pista de corridas, que horas mais tarde seria tomada pelas máquinas mais velozes do país. O programa incluiu ações culturais e esportivas, parque de motorhomes, shows e arquibancadas liberadas para quem quisesse acompanhar tudo de perto. A roda-gigante, há tempos associada a grandes eventos mundiais de automobilismo, também estava lá, iluminando a subida do Laranjinha.

A festa da velocidade valorizou as corridas preliminares que deram início aos campeonatos da Gold Classic e da Fórmula 1600. A prova principal recebeu mais uma vez o nome GP Cidade de São Paulo. Foi, dentre outros motivos, uma forma de dissociar o trabalho do anúncio paralelo de uma outra corrida com este percurso no mês de janeiro, que não ocorreu. No evento de verdade, até São Pedro foi parceiro – a chuva prevista para todo o fim de semana só apareceu no domingo pela manhã, na hora e meia final da corrida.
A bem da verdade não se completaram as mil milhas do percurso original, de 373 voltas. A chuva e as intervenções de safety car levaram ao cumprimento do item do regulamento que limita a disputa em 12 horas mais uma volta. As 343 voltas foram cumpridas em exatas 12h02min15s546. E, voltando ao número de carros, o destaque de 2024 ficou por conta dos exemplares de turismo com motorização mais modesta, que responderam por pouco mais de 50% do grid do GP Cidade de São Paulo.

1000 MILHAS 03 AUDI A3 OPCAO 1
A Mamba Negra alcançou o vice na GT4 Light com o Audi A3 Sport

Festa da Porsche!

Em termos de resultados, vitória para Marcel Visconde, Ricardo Maurício e Marçal Müller, trio que levou à pista o Porsche 911 GT3 R da Stuttgart Motorsport. A equipe havia vencido versões anteriores das Mil Milhas. Em 2001, com Flávio Trindade/Max Wilson/André Lara Resende/Regis Schuch. No ano seguinte, com Trindade/Schuch/Raul Boesel. Em 2008 o trio vencedor teve Wilson, Boesel e Visconde. Carros da Porsche haviam triunfado em 1993, 1994, 1995, 1996 e 2003.
As cinco edições das 1000 Milhas Chevrolet Absoluta tiveram cinco equipes distintas comemorando a vitória na classificação geral. Em 2020, em um grid com 12 carros, Renan Guerra, Ésio Vichiese e Stuart Turvey triunfaram com o G55 do Team Ginetta. No ano seguinte, já com 25 carros inscritos, foi a vez da LT Racing Team, equipe do piloto Leandro Totti, que revezou a pilotagem de seu protótipo MCR-Honda 2.1 com Guga Guizzo, Eduardo Pimenta, Leo Yoshii e José Vilela.

O crescimento do grid seguiu em 2022, já sem as restrições decorrentes da pandemia, que haviam forçado mudanças no ano anterior, e a largada ocorrendo à meia-noite com 40 carros. Venceu o trio que Jindra Kraucher formou com Aldo Piedade Júnior e José Roberto Ribeiro na quarta geração de seu protótipo Sigma P1. Outro protótipo nacional foi o primeiro entre os 43 carros do ano passado: o gaúcho AJR-Chevrolet, que teve Fernando Fortes, Henrique Assunção, Fernando Ohashi e Emílio Padron ao volante.

Texto: Luc Monteiro / Fotos: Rodrigo Ruiz